"Um traidor dos nossos" de John Le Carré


A Grã-Bretanha está mergulhada na recessão.
Um jovem académico de Oxford com tendências de esquerda e a namorada gozam férias durante a época baixa na ilha de Antígua.
Aí, cruzam-se com um milionário russo chamado Dima, dono de uma península e de um relógio de ouro cravejado de diamantes, que tem uma estranha tatuagem no polegar direito.
Desafiados por ele para uma partida de ténis, os jovens amantes ver-se-ão lançados numa tortuosa viagem que os levará a Paris, a uma casa nos Alpes suíços e aos obscuros claustros da City de Londres, onde serão confrontados com a perversa aliança desta com os Serviços Secretos britânicos.

"A Boneca de Kokoschka" de Afonso Cruz


O pintor Oskar Kokoschka estava tão apaixonado por Alma Mahler que, quando a relação acabou, mandou construir uma boneca, de tamanho real, com todos os pormenores da sua amada. A carta à fabricante de marionetas, que era acompanhada de vários desenhos com indicações para o seu fabrico, incluía quais as rugas da pele que ele achava imprescindíveis. Kokoschka, longe de esconder a sua paixão, passeava a boneca pela cidade e levava-a à ópera. Mas um dia, farto dela, partiu-lhe uma garrafa de vinho tinto na cabeça e a boneca foi para o lixo. Foi a partir daí que ela se tornou fundamental para o destino de várias pessoas que sobreviveram às quatro toneladas de bombas que caíram em Dresden durante a Segunda Guerra Mundial.

"Mar de Papoilas" de Amitav Ghosh


Mar de Papoilas esteve na shortlist do Booker Prize 2008 e foi também considerado o «Melhor Livro de 2008», segundo o San Francisco Chronicle, Chicago Tribune, Washington Post, Economist, New York, Christian Science Monitor e Publishers Weekly. Ambientado na Índia do século XIX, este romance histórico desenrola-se nas vésperas da primeira Guerra do Ópio. No coração da saga está um navio de escravos: o Ibis, que recruta indianos para as plantações de cana-de-açúcar mas principalmente para o transporte de ópio para os consumidores chineses. Com uma tripulação constituída por uma mistura heterogénea de marinheiros, passageiros clandestinos, trabalhadores asiáticos e condenados, Ibis terá como destino uma longa e tumultuosa viagem pelo oceano Índico. Considerado «avassalador» pelo The Guardian, não lhe poupam elogios como o The Observer: «Uma saga de extraordinária riqueza... com muita acção e aventura à la Dumas, mas com momentos de grande profundidade à maneira de Tolstoi ¿ e um toque de sentimento como em Dickens.». Autor de bestsellers internacionais, The Hindu considera o Mar de Papoilas o trabalho mais bem conseguido do autor: «Ghosh escreveu vários romances notáveis, mas Mar de Papoilas é indiscutivelmente o melhor.».

"O Cemitério de Praga" de Umberto Eco


Durante o século XIX, entre Turim, Palermo e Paris, encontramos uma satanista histérica, um abade que morre duas vezes, alguns cadáveres num esgoto parisiense, um garibaldino que se chamava Ippolito Nievo, desaparecido no mar nas proximidades do Stromboli, o falso bordereau de Dreyfus para a embaixada alemã, a disseminação gradual daquela falsificação conhecida como Os Protocolos dos Sábios de Sião (que inspirará a Hitler os campos de extermínio), jesuítas que tramam contra maçons, maçons, carbonários e mazzinianos que estrangulam padres com as suas próprias tripas, um Garibaldi artrítico com as pernas tortas, os planos dos serviços secretos piemonteses, franceses, prussianos e russos, os massacres numa Paris da Comuna em que se comem os ratos, golpes de punhal, horrendas e fétidas reuniões por parte de criminosos que entre os vapores do absinto planeiam explosões e revoltas de rua, barbas falsas, falsos notários, testamentos enganosos, irmandades diabólicas e missas negras. Óptimo material para um romance-folhetim de estilo oitocentista, para mais, ilustrado com os feuilletons daquela época. Há aqui do que contentar o pior dos leitores. Salvo um pormenor. Excepto o protagonista, todos os outros personagens deste romance existiram realmente e fizeram aquilo que fizeram. E até o protagonista faz coisas que foram verdadeiramente feitas, salvo que faz muitas que provavelmente tiveram autores diferentes. Mas quando alguém se movimenta entre serviços secretos, agentes duplos, oficiais traidores e eclesiásticos pecadores, tudo pode acontecer. Até o único personagem inventado desta história ser o mais verdadeiro de todos, e se assemelhar muitíssimo a outros que estão ainda entre nós. Um romance fantástico, de um autor que uma vez mais mostra saber como nenhum outro combinar erudição, humor e reflexão

"Memorial de Aires" de Machado de Assis


Memorial de Aires (1908) é o último romance de Machado de Assis, e o segundo atribuído ao último dos seus autores ficcionais, o conselheiro Aires, diplomata aposentado que já aparecera no romance anterior, Esaú e Jacó (1904). Aqui, encontramos o diário do conselheiro nos anos de 1888 e 1889, curso de anotações em que Aires segue e comenta sobretudo a vida do velho casal Aguiar e as peripécias da peculiar relação com a bela viúva Fidélia e o jovem Tristão. Ainda digressivo e irónico, vive mais da escrita do que do enredo, magistralmente tecido sem tensões nem conflitos. Prevalece a melancolia sobre a galhofa, mas sempre num tom de serenidade e com uma agudeza que fazem de Memorial de Aires um dos mais belos testemunhos da velhice da literatura em língua portuguesa. Esta edição pretende reanimar um romance e um autor de enorme qualidade e importância para as literaturas de língua portuguesa, fazendo-o com a qualidade e fidelidade a que os Livros Cotovia habituaram os seus leitores.

"Os Cantos" de Maria Filomena Mónica


Descendente de uma ilustre família açoriana, José do Canto apaixonou desde logo Maria Filomena Mónica que lhe dedica a obra que já classificou como o «livro da sua vida». Nascido em 1820, José do Canto era, no sentido próprio do termo, um ‘vitoriano’. Apesar de natural de São Miguel e não de Inglaterra, a sua cultura era cosmopolita, sem no entanto jamais deixar de ter saudades da neblina, do mar e das laranjeiras da sua ilha - que queria perfeita. Foi por isso que a deixou e, por isso, que, muitos anos passados, a ela voltou.
Nesta obra biográfica, Maria Filomena Mónica conta a história desta família em várias gerações, num retrato vivído e apaixonante de uma época.

"Kafka à Beira-Mar" de Haruki Murakami


Kafka à Beira-Mar narra as aventuras (e desventuras) de duas estranhas personagens, cujas vidas, correndo lado a lado ao longo do romance, acabarão por revelar-se repletas de enigmas e carregadas de mistério. São elas Kafka Tamura, que foge de casa aos 15 anos, perseguido pela sombra da negra profecia que um dia lhe foi lançada pelo pai, e de Nakata, um homem já idoso que nunca recupera de um estranho acidente de que foi vítima quando jovem, que tem dedicado boa parte da sua vida a uma causa - procurar gatos desaparecidos.
Neste romance os gatos conversam com pessoas, do céu cai peixe, um chulo faz-se acompanhar de uma prostituta que cita Hegel e uma floresta abriga soldados que não sabem o que é envelhecer desde os dias da Segunda Guerra Mundial. Assiste-se, ainda, a uma morte brutal, só que tanto a identidade da vítima como a do assassino permanecerão um mistério.
Trata-se, no caso, de uma clássica (e extravagante) história de demanda e, simultaneamente, de uma arrojada exploração de tabus, só possível graças ao enorme talento de um dos maiores contadores de histórias do nosso tempo

"Livro" de José Luís Peixoto


Este livro elege como cenário a extraordinária saga da emigração portuguesa para França, contada através de uma galeria de personagens inesquecíveis e da escrita luminosa de José Luís Peixoto. Entre uma vila do interior de Portugal e Paris, entre a cultura popular e as mais altas referências da literatura universal, revelam-se os sinais de um passado que levou milhares de portugueses à procura de melhores condições e de um futuro com dupla nacionalidade. Avassalador e marcante, Livro expõe a poderosa magnitude do sonho e a crueza, irónica, terna ou grotesca, da realidade. Através de histórias de vida, encontros e despedidas, os leitores de Livro são conduzidos a um final desconcertante onde se ultrapassam fronteiras da literatura. Livro confirma José Luís Peixoto como um dos principais romancistas portugueses contemporâneos e, também, como um autor de crescente importância no panorama literário internacional.

"Liberdade" de Jonathan Franzen


No seu primeiro romance depois de Correcções, Jonathan Franzen dá-nos um épico contemporâneo do amor e do casamento. Liberdade capta, cómica e tragicamente, as tentações e os fardos da liberdade: a excitação da luxúria adolescente, os compromissos abalados da meia-idade, as vagas da expansão suburbana, o enorme peso do império. Ao seguir os erros e alegrias dos personagens de Liberdade, enquanto lutam para aprender a viver num mundo cada vez mais confuso, Franzen produziu um retrato inesquecível e profundamente comovente dos nossos tempos. Patty e Walter Berglund foram sempre os precursores na velha St. Paul - os aburguesados, os pais interactivos, os avant-garde da geração de alimentos biológicos. Patty era o tipo ideal de vizinha, que nos podia dizer onde reciclar as pilhas e como conseguir que a polícia local fizesse mesmo o seu trabalho. Era uma mãe invejavelmente perfeita, e a mulher dos sonhos do seu marido Walter. Juntamente com ele - advogado ambientalista, ciclista e utilizador de transportes públicos, homem de família dedicado -, Patty estava a fazer a sua pequena parte para construir um mundo melhor.

"Pensamentos" de Marco Aurélio



«Este livro, todo tecido de reflexões pessoais, tem radículas nos autores gregos bem assimilados — em Platão, em Homero, nos trágicos —, todos sobriamente citados, nunca para mostrar erudição, sempre para sublinhar a meditação pessoal de um homem dobrado ao íntimo. Era, sim, da estirpe de Epicteto e de Pascal este homem que de tão alto viu o "desconcerto do mundo" e abriu, sem mais candeia que a luz da consciência acesa em pavio estóico, um tão nobre caminho nas sombras da vida. Nunca tão raramente se equivaleram palácio e choupana aos olhos de um meditador. A misantropia crepuscular escorre do pensamento da morte, da brevidade da vida, da fugacidade de prazeres e honrarias. (…) Mas que um imperador cumulado de riquezas e com mão desimpedida para a sacudir arbitrariamente por entre injustiças e vinganças se recolha à cela íntima e aí entorne, num canhenho de reflexões a essência da própria alma — deve mover-nos a espanto e pena.»
Do Prefácio de João Maia



"Uma Guerra na Úmbria - Case Venie" de Romana Petri


Estamos em Setembro de 1943, data do armistício e da invasão da Itália pelas tropas nazis.
Alcina e Aliseo, irmã e irmão, são órfãos e vivem sozinhos em Case Venie. Os dois, conjuntamente com o melhor amigo de Aliseo, o jovem Spaltero, decidem fugir para as montanhas e juntar-se aos grupos de partigiani que combatem os invasores alemães. Neste cenário de fundo, que é a resistência histórica na região italiana da Úmbria, o verdadeiro tema de toda a narrativa é a relação entre vivos e mortos. A morte, matéria dominante na vida de Alcina, lentamente cederá o lugar a uma nova realidade. A força dos sentimentos do jovem Spaltero por Alcina, dará a esta um novo entusiasmo e a necessidade de abandonar o passado e voltar-se para o futuro.

"A Metamorfose" de Franz Kafka


O livro “A Metamorfose” não podia começar de maneira mais crua e estranha: “Certa manhã, ao acordar de sonhos inquietos, Gregor Samsa viu-se transformado num gigantesco insecto.” Franz Kafka introduz assim a história de Gregor Samsa, um incansável caixeiro-viajante que sustenta os pais e a irmã, que se entregam descaradamente à ociosidade.
Parasitado pela família até àquela manhã em que ao acordar, já atrasado para o trabalho, viu uma carapaça dura, uma barriga castanha abaulada e muitas pernas magrinhas, Gregor Samsa é quem parasitará a família a partir daí. Mas esta obra conta mais do que a história de um homem que acordou insecto: fala de como o ser humano pode viver alienado pelo trabalho, o dever familiar ou pela autoridade do pai e alerta para os comportamentos humanos. Ao mesmo tempo, reflecte alguns aspectos da vida do autor.
Franz Kafka escreveu “A Metamorfose” em apenas três semanas, em finais 1912, quando tinha apenas 29 anos. Não gostou do resultado, que considerou imperfeito e com um final ilegível. O certo é que 90 anos depois de ter sido escrita, esta obra — publicada pela primeira vez em 1915 — é uma das mais conhecidas do escritor checo.

'O Mundo que eu vi' de Genuíno Madruga


O livro, intitulado 'O Mundo que eu vi', é integralmente dedicado à segunda volta ao mundo que realizou, entre agosto de 2007 e junho de 2009, com partida e chegada na ilha do Pico, a sua terra natal.

A viagem foi marcada pela difícil passagem do Cabo Horn, no extremo sul da América, uma zona de tempestades, correntes fortes e temperaturas baixas que deixou marcas no velejador e no seu barco, batizado de 'Hemingway'.

Na apresentação do livro, no famoso Peter Café Sport, na Horta, local de encontro de velejadores de todo o mundo, Genuíno Madruga mostrou que não esqueceu as suas origens humildes nem a sua profissão.

“Certamente que ali estão escritos alguns acontecimentos por mim relatados, à minha maneira, com as minhas palavras, mas desculpem se não são as palavras mais trabalhadas, mais eruditas. Eu sou pescador, fiz aquilo que foi possível”, afirmou.

O navegador sabe, no entanto, que os seus feitos são dignos de recordação, admitindo que “qualquer um dos grandes navegadores, que deram novos mundos ao mundo, ficariam muitos satisfeitos” por fazer o que ele conseguiu.

Genuíno Madruga também não esqueceu o grupo de apoio que durante os dois anos que demorou a segunda viagem seguiu diariamente a sua rota e confidenciou que, se tivesse apoios financeiros, partiria sem hesitar para uma terceira volta ao mundo.

O pescador foi o primeiro açoriano e o segundo português a dar a volta ao mundo sozinho num veleiro. Em 2002, quando terminou a primeira viagem, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio.
In Açoriano Oriental

"A importância de se chamar Ernesto" de Oscar Wilde

“Permanecendo persistentemente solteiro, um homem converte-se numa tentação pública permanente.”

"Raíz Comovida" de Cristóvão de Aguiar


Raiz Comovida – Trilogia Romanesca, de Cristóvão de Aguiar, começou a ser publicada há 25 anos – iniciou-se com A Semente e a Seiva (1978), e continuou-se com Vindima de Fogo (1979) e O Fruto e o Sonho (1981), para aparecer finalmente, num único volume (pela Editorial Caminho, 1987). Temos agora uma nova edição desta obra (Publicações Dom Quixote, 2003), que resulta de um profundo trabalho de revisão e de remodelação da edição anterior – de tal modo que, por vezes, temos a impressão de estarmos não perante uma edição revista de uma obra anteriormente publicada, mas sim perante uma obra nova e escrita de raiz.
Sendo uma obra de inspiração, de evocação e de definição açorianas, Raiz Comovida é, na beleza forte do seu título, muito mais do que aquilo que a uma leitura mais apressada possa parecer : não é mais um daqueles livros que costumam dar corpo ao que poderíamos chamar a estética da saudade, baseada no revivalismo de um país que a pouco e pouco vai deixando de ser o país das aldeias ; também não é um livro de memórias regionalistas. Indo muito mais fundo, nesta obra perpassam os tipos humanos que resultaram da amassadura da cultura ibérica tradicional com as águas, o sal e os ventos do mar, polvilhada de vulcões e abalos de terra, e mais de incursões dos piratas do Norte de África, e do isolamento, e de um ou outro arroubo colonialista – e perpassam sobretudo os contadores de histórias, aqueles que podemos tipificar na personagem do Ti José Pascoal de quem o narrador se queixa de que “Já está aqui há muito tempo à minha ilharga pedindo-me para entrar nesta história.[ pelo que, conclui ] Decidi fazer-lhe a vontade e vou já passar-lhe a palavra” (p. 45).
Desde a primeira à última frase de Raiz Comovida – vejamo-la nós em separado nos livros que a fizeram, vejamo-la na sua versão integral, já de si remodelada, de 1987, ou vejamo-la agora nesta nova versão que nos perturba enquanto gesto de inteligência dos tempos que correm e dos gostos que eles acarretam, mas sem nunca esquecer que se trata de uma reconstelação (isto é, de um reagrupamento, ele próprio dinâmico e interactivo) de elementos dispersos que são coerentes entre si, e que mutuamente se atraem, precisamente porque comungam do mesmo passado, e registam a memória que delimita a identidade cultural de quem, como os açorianos, é o fruto, ou o sonho realizado, de uma semente europeia que medrou mergulhada na seiva de um grande mar – e que agora se oferece, na comoção desta Raiz Comovida, à grande vindima que, de cada vez que acontece, representa, no nosso imaginário mediterrânico, a grande festa da vida.
LUIZ FAGUNDES DUARTE, In: http://palcopiniao.blogspot.com/2007/09/raiz-comovida-de-cristvo-de-aguiar-por.html

"São Bernardo" de Graciliano Ramos


São Bernardo, publicado em 1934, significa em termos de composição romanesca um enorme salto qualitativo. A plenitude do método descritivo e as sequelas pós-naturalistas ficaram no passado. Munido de uma perspectiva, o que implica uma concepção fundamental do mundo, supera a indiferença na escolha dos detalhes: todas as acções estão directamente vinculadas à vida e ao processo de busca de identidade da consciência de Paulo Honório. De guia de cego a senhor de engenho, essa trajectória de um homem possessivo e violento será desenvolvida aos olhos do leitor na dinâmica de seu acontecer.

"Às Dez a Porta Fecha" e "Dois corpos tombando na água", de Alice Vieira. Colecção Frente e Verso da "Revista Visão"



Às Dez a Porta Fecha é um peculiar romance juvenil, pois quase não encontramos personagens jovens. O livro trata da vida de velhos num lar de pessoas idosas. Conta-nos as histórias dos sonhos, desgostos e dores de homens e mulheres velhos que travam uma luta interior contra a rotina e o esquecimento das suas famílias. Mas é também um texto comovente e divertido com final feliz, visto que um dos velhos casa com uma companheira, sai do lar, e juntos descobrem o amor e constroem uma vida nova.

"Dois corpos tombando na água" obteve o primeiro lugar na 8.ª edição do Concurso Literário Maria Amália Vaz de Carvalho,recebendo os votos unânimes dos críticos literários Fernando J. B. Martinho, Fernando Pinto do Amaral e José Correia Tavares, da Associação Portuguesa de Escritores.
Fernando Pinto do Amaral, porta-voz do júri, considerou ser “arriscado escrever poesia de amor, devido à monotonia temática, à linguagem geralmente codificada e sujeita a lugares-comuns”. Contudo, o júri reconheceu que “Alice Vieira, com versos intensos e pungentes, conseguiu escapar a todas essas armadilhas e, num tom intimista, demonstrar a capacidade de dádiva e entrega que o amor nos ensina”.
A leitura deste pequeno livro de poesia cativa e agarra o leitor, a sequência entre os versos é tão harmoniosa que é impossível parar a leitura antes de chegar ao fim. A autora pega nas palavras e de uma forma surpreendente consegue através delas transmitir ao leitor a tristeza e a alegria, as sensações, os odores e os sabores do amor.
Este foi o primeiro livro de poesia publicado por Alice Vieira, e como a própria afirmou em entrevista ao jornal Público “é um livro de paixão, que relata uma história.”

"Sismo na Madrugada" de Humberto Moura


( ... ) Testemunho pungente sobre a inquietação e a perplexidade das guerras (a Guerra Civil de Espanha e a Segunda Guerra Mundial), este livro faz um apelo à solidariedade universal, à concórdia e à esperança. É acima de tudo, um livro sobre as feridas da alma.
E sobre os sismos da terra e os sismos da vida. Mas estas páginas são também lugar de confronto, de denúncia de verdades ilusórias e de renúncia às máscaras de um quotidiano alienante. Porque há este dado inapelável: Portugal chegou tarde à História... E todas as personagens sofrem as consequências disso mesmo. Daí os olhares (críticos e vagamente satíricos) que o narrador lança sobre um espaço português ...

Victor Rui Dores

“Territorio Comanche” de Arturo Pérez-Reverte


Jugoslávia, 1994. Um cenário de guerra real. Caminhos desertos, ruínas chamuscadas, hotéis repletos de correspondentes e curiosos e um armamento de uma omnipresença assustadoramente ausente. Repórteres veteranos, companheiros de trabalho e amigos. Mesmo em tempos de guerra quando a mente se despoja de afectos e emoções. O relato cru, objectivo e realista de um conflito em que o jornalista se confronta com a dicotomia que separa o homem do profissional, a vida da notícia. A experiência de Pérez-Reverte enquanto enviado especial para a cobertura do conflito jugoslavo, nas vozes ao mesmo tempo desencantadas, ternas e irónicas destes dois jornalistas. Reais tal como os "habitantes" e lugares deste Território Comanche, a primeira obra em que Pérez-Reverte abandona a sua faceta internacionalmente reconhecida de narrador de ficções como «A Pele do Tambor», recordando vinte anos históricos de actividade jornalística.

"Poemas de Amor" de Pablo Neruda


Inédito em Portugal, com tradução do poeta Nuno Júdice, um livro que reúne os grandes Poemas de Amor de Pablo Neruda.

Natural do Chile, Neruda (1904 - 1973) foi autor de uma vasta obra, tendo a sua escrita influenciado fortemente muitos poetas sul-americanos. Foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Literatura em 1971.

À semelhança das suas outras obras, este é um livro por onde perpassa todo um universo de magia e paixão, que sempre caracterizaram a escrita do autor de Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, ou de Plenos Poderes.

"Melhores Amigos, Piores Inimigos" de Michael Thompson e Cathe Grace


Uma obra extraordinária que lança um olhar inovador sobre o papel crucial, e tantas vezes desconhecido, que a amizade desempenha nas vidas dos jovens, do nascimento à idade adulta, passando naturalmente pela adolescência.

“Chocolate – Histórias para ler e chorar por mais”


“Chocolate – Histórias para ler e chorar por mais”, Alice Vieira, Catarina Fonseca, Isabel de Zambujal, Leonor Xavier, Maria do Rosário Pedreira, Rita Ferro
6 autoras, 6 histórias, 6 receitas, uma paixão: o chocolate.

Uma cozinheira que gostaria de ter tido uma cozinha igual à da Audrey Hepburn para fazer o BOLO DO PAI.

Um casamento de família tragico-cómico mas com muito salero e um FRANGO COM MOLHO DE CHOCOLATE perdido.

A história da vida de 6 ingredientes-personagem que vieram de cada um dos quatro cantos do mundo e dão origem a um CHOCOLATE GELADO.

Como um BOLO DE MÁRMORE pode servir para assassinar um marido traidor.

A magia de um curso de culinária pode mudar duas vidas, com BEIJINHOS DE PRETA.

Há famílias que nunca mudam, nem no dia de anos da Mãe, com um PAVÉ DE CHOCOLATE COM CEREJAS.

"Cartas de Amor" de Fernando Pessoa


A editora Zéfiro lançou uma nova edição das cinquenta cartas de amor que Fernando Pessoa dirigiu a Ophélia Queirós, no curto período de namoro entre ambos, que teve mesmo assim duas fases. Uma obra que parece ser de fácil acesso para os leitores mais interessados nesta vertente da escrita de Pessoa - que alguns investigadores começam aliás a associar a uma verdadeira e própria vertente do seu fingimento heteronímico.

“As Ligações Perigosas” de Choderlos de Laclos


«As Ligações Perigosas» é um romance em que mais do que a paixão se descreve o fingimento. A sua forma é a da correspondência trocada entre diversas personagens, alternando o espírito libertino e a candura, a sedução e a vertigem. O seu autor, Choderlos de Laclos, nasceu em Amiens, em Outubro de 1741. Foi militar de carreira e atingiu o posto de general pouco antes de morrer em 1800. Escreveu «As Ligações Perigosas» quando estava aquartelado na Ilha de Ré e decidiu contar uma história que «ressoasse ainda na terra depois de por ela ter passado». Os privilegiados, disse Vailland, «não lhe perdoaram ter sido um revolucionário e os revolucionários inquietaram-se ao vê-lo tão bem informado dos prazeres dos privilegiados».

Os Sonetos Completos de Antero de Quental


A Guimarães Editores, em parceria com a Fnac, continua a dar continuação a um plano editorial de Fernando Pessoa, que nunca chegou a ser concretizado totalmente na sua editora Olisipo. Desta vez temos oportunidade de ler "Os Sonetos Completos de Antero de Quental", numa edição a cargo de Patrício Ferrari.

Creio que não é descabido reforçar a importância deste esforço editorial, que nos dá a conhecer - de modo muito linear - as obras que Pessoa considerava importantes (ou mesmo essenciais) para alguém ler no seu tempo. São obras que marcaram o poeta e que, necessariamente, marcaram a sua obra e o seu pensamento.

Quental teve influência em Pessoa, como muitos outros poetas. Nele Pessoa parece ter encontrado uma espécie de irmandade no sofrimento, pois disse, numa passagem o seguinte: "I am never happy, neither in my selfish, nor in my unselfish moments. My solace is reading Antero do Quental. In me, after all, Luther-spirit. Oh, how I understand that deep suffering that was his". Há que lembrar que Antero foi um poeta que quis mudar o país pela literatura (e que de certo modo falhou, acabando por se suicidar) - o que lembra instantaneamente os esforços do próprio Pessoa. Pessoa acreditava piamente que a mudança política deveria andar de mãos dadas com a mudança cultural (literária), como se pode ler em diversos fragmentos que escreveu e considerava um pioneiro nessa visão revolucionária, ao ponto de Campos o apelidar de génio inovador.

Como bem indica Ferrari no seu Posfácio, a influência de Quental no jovem Pessoa é profunda, sobretudo a partir de 1908, quando ele começa a escrever em Português. Ao lado de Quental estariam nomes como Junqueiro, Nobre e Cesário Verde.

Sinal dessa mesma influência é o esforço que Pessoa empreendeu na tradução de muitos sonetos (que são também publicados neste edição). Desde cedo percebemos que o maior tributo que Pessoa podia dar a um autor era tentar traduzi-lo para Inglês. Fê-lo com Sá-Carneiro, com Botto, com Antero, etc...

Pessoa admirava em Antero o seu pensamento e não apenas a forma lírica da sua poesia. É preciso ter isso em atenção quando lemos estes poemas, e colocar-mo-nos na posição de Fernando Pessoa a ler-se a si próprio, ou melhor, lendo uma projecção passada de si próprio: um poeta com alto grau de racionalização poética, que tentou mudar a sociedade do seu tempo pela literatura, tendo no final sucumbido a uma saída trágica e suicida.

Pequena História da Desinformação, do Cavalo de Tróia à Internet - Vladimir Volkoff - Editorial Notícias


Desde sempre que o homem compreendeu a possibilidade (e a importância) de tirar vantagem de qualquer informação, por mais ligeira e inocente que seja. Como a dose de veracidade existente na informação não é fixa, nem garantida, nada mais fácil, pois, do que juntar-lhe um bocado de falsidade ou fabricá-la por inteiro. Nesta obra, o autor analisa as grandes operações de desinformação da História, desde o mitológico Cavalo de Tróia à globalização com a rede mundial de computadores. Largamente difundida e altamente especializada, a produção de informações fraudulentas, a serviço de interesses estratégicos, políticos e ideológicos, parece cada vez mais comum, mais fácil e mais eficaz.

História da Igreja Católica - Pierre Pierrard - Planeta


A Selva - Ferreira de Castro - Guimarães Editores


"Eu devia este livro a essa majestade verde, soberba e enigmática, que é a selva amazónica, pelo muito que nela sofri durante os primeiros anos da minha adolescência e pela coragem que me deu para o resto da vida. E devia-o, sobretudo, aos anónimos desbravadores, que viriam a ser os meus companheiros, meus irmãos, gente humilde que me antecedeu ou acompanhou na brenha, gente sem crónica definitiva, que à extracção da borracha entregava a sua fome, a sua liberdade e a sua existência. Devia-lhes este livro, que constitui um pequeno capítulo da obra que há-de registar a tremenda caminhada dos deserdados através dos séculos, em busca de pão e de justiça.
A luta de cearenses e de maranhenses nas florestas da Amazónia é uma epopeia de que não ajuíza quem, no resto do Mundo, se deixa conduzir, veloz e comodamente, num automóvel com rodas de borracha - da borracha que esses homens, humildemente heróicos, tiram à selva misteriosa e implacável."
Ferreira de Castro, Pórtico, in "A Selva"

A Viagem dos Inocentes - Mark Twain - Tinta da China


A primeira edição portuguesa de um dos grandes clássicos da Literatura de viagens. Mark Twain, «pai da literatura americana», parte num navio em direcção à Europa, passando pelos Açores, cuja descrição será irresistível para os leitores lusófonos. Entre os seus destinos incluem-se Marrocos, França, Itália, Grécia, Rússia e, mais a oriente, os lugares bíblicos. Os seus relatos, descrições e considerações denunciam, para além de génio literário, um sentido de humor intenso e inesgotável. Na verdade, este foi o maior sucesso literário que Mark Twain conheceu em vida.

Berlin Alexanderplatz - Alfred Döblin - Planeta


Berlim Alexanderplatz, a obra-prima de Alfred Döblin, é porventura o mais importante contributo alemão para o «romance da grande cidade», palco das vivências típicas das sociedades industrializadas do século XX. E é, além disso, uma referência fundamental para os admiradores do romance modernista, situando-se ao nível de um Manhattan Transfer, de John dos Passos, ou de um Ulisses de James Joyce.

A Verdade Vence - António Baptista - Jornal de Cultura

Crónicas Insulares - Victor Rui Dores - Edição de Autor


Crónicas Insulares" reúne 33 textos publicados por Victor Rui Dores na imprensa regional. Histórias de vidas, cheiros e sentimentos. É também uma homenagem às nossas gentes.
"Crónicas Insulares" relata a infância do autor passada na Graciosa e a adolescência vivida na ilha Terceira.

O Criado Secreto - Daniel Silva - Bertrand Editora


Gabriel Allon é chamado para mais uma missão: ir a Amesterdão estudar os arquivos de um analista de terrorismo que acabou de ser assassinado. Chegado à cidade, Gabriel descobre contudo uma conspiração de terror no submundo islâmico e que tem Londres como alvo. A filha do embaixador americano é raptada e corre perigo de vida. Ao tentar salvá-la, Gabriel torna-se também um alvo dos terroristas. A inesperada aliança que forma com um homem que perdeu tudo devido à sua devoção ao Islão leva Gabriel a questionar a moralidade das tácticas que usa e a arriscar a própria vida.

O Mandarim - Eça de Queirós - Editorial Presença


O Mandarim transporta-nos a Oriente, cenário exótico do imaginário queirosiano, que serve de pano de fundo à história de Teodoro, um pacato amanuense do Ministério do Reino. Vítima de uma tentação aguçada por um Diabo, a de pôr fim aos dias de um abastado mandarim chinês, Teodoro constitui-se o directo detentor de uma fortuna. Enriquece, embora viva condenado a transportar eternamente na consciência o mais corrosivo dos legados: o remorso. Empreende uma viagem «purificadora» à China, mas nem isso lhe devolve a paz que a avareza gulosa lhe havia roubado. Eça prima pela descrição simbólica e caricatural das personagens e ambientes, ao mesmo tempo que aplica a exacta pitada de sátira à condição humana.

A Tia Julia e o Escrevedor - Mario Vargas Llosa - Dom Quixote


A nova edição, revista, de um dos mais originais e famosos romances de Mario Vargas Llosa.
A Tia Julia e o Escrevedor é um dos livros mais originais de Vargas Llosa. Conta a história de Varguitas, um jovem peruano com ambições literárias que se apaixona por uma tia com quase o dobro da sua idade. Em paralelo a esse romance proibido, na Lima dos anos cinquenta, Varguitas conhece Pedro Camacho, autor excêntrico de radionovelas cujos enredos mirabolantes fascinam os peruanos. As novelas vão muito bem, até ao dia em que Pedro Camacho, sobrecarregado, começa a confundir enredos e personagens. E, ao mesmo tempo, o romance entre Varguitas e a tia Julia é descoberto pela família.
Ironia e romance em doses perfeitas, memórias autobiográficas e criação literária magistral fazem deste livro um clássico da literatura contemporânea.

As Nove Magníficas, O Fascínio do Poder - Helena Sacadura Cabral - A Esfera dos Livros


Sobre o papel das mulheres na construção do país que somos, reina o silêncio. Se é indiscutível que a História de Portugal foi erigida com uma importante influência feminina, também é verdade que este contributo tem sido lamentavelmente minorado ou mesmo esquecido pela grande maioria dos historiadores. Exaltamos os nossos reis, as suas qualidades, os jogos de poder em que estiveram envolvidos, as vitórias que alcançaram. Mas as suas consortes são quase sempre vistas como meros peões deste jogo. Neste livro, Helena Sacadura Cabral surpreende-nos ao recuperar a história de nove magníficas mulheres que souberam deixar a sua marca e influenciar decisivamente a vida nacional. O que têm em comum D. Teresa, a primeira rainha de Portugal, Santa Isabel, a pacificadora, D. Leonor Teles, a licenciosa, D. Filipa de Lencastre, a mãe da Ínclita Geração, D. Catarina de Áustria, a centralizadora, D. Luísa de Gusmão, uma regente poderosa, D. Carlota Joaquina, a política irreverente, D. Maria, a única mulher a ocupar, por direito próprio, a chefia do Estado português já num ordenamento constitucional, e D. Amélia, que viu morrer nos seus braços o marido e o seu filho, o príncipe herdeiro? Foram rainhas, regentes, mães, esposas dedicadas, diplomatas de calibre, políticas argutas e quase todas elas sentiram esse imenso fascínio que o poder parece desencadear.

Maquiavel e Portugal, Estudos de História das Ideias Políticas - Martim de Albuquerque -Aletheia


Esta é uma obra de estudo dedicado a Maquiavel e à sua influência no nosso País por um dos mais eminentes professores de História do Direito.
Martim de Albuquerque é Doutor pelas Universidades Complutense de Madrid e de Lisboa, Professor Catedrático de Ciências Histórico-Jurídicas da Faculdade de Direito de Lisboa, membro da Academia Internacional da Cultura Portuguesa e da Academia das Ciências de Lisboa. Foi director do Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Sempre Amigos - Fialho de Almeida - 101 Noites


Sempre Amigos, que Fialho de Almeida dedicou a Camilo Castelo Branco, foi publicado em 1881 na antologia Contos, que assinala o início da carreira literária do autor. Fialho de Almeida [1857-1911] era já conhecido como jornalista e folhetinista e as suas crónicas ficaram conhecidas pelas suas polémicas, entre as quais a sua animosidade contra Eça de Queirós. A sua obra exprime com clareza emoções fortes recriando cenários de miséria em histórias de violência, alcoolismo e prostituição. Eunice Muñoz, uma das mais talentosas actrizes portuguesas, empresta a sua voz a este belo e comovente conto.

O Cemitério dos Barcos sem Nome - Arturo Pérez-Reverte - Edições Asa


Muito mais do que um romance de amor e aventuras…
Um marinheiro sem barco, desterrado do mar, conhece uma estranha mulher, que possui, talvez sem o saber, a resposta a perguntas que certos homens fazem desde há séculos.
Arturo Pérez-Reverte, o autor espanhol contemporâneo mais lido no mundo inteiro, leva-nos, na companhia de Coy e Tanger, à procura do Dei Gloria, um bergantim que há mais de duzentos anos repousa nas águas profundas do Mediterrâneo.
De Barcelona a Madrid, de Cadiz a Gibraltar, ao longo das costas de Cartagena, o objectivo é sempre um tesouro fabuloso, que talvez contenha a resposta a um dos grandes enigmas da história de Espanha.
Nunca o mar e a História, a aventura e o mistério, se tinham combinado de um modo tão extraordinário. De Melville a Stevenson e Conrad, de Homero a Patrick O’Brian, toda a grande literatura escrita sobre o mar lateja nas páginas desta história fascinante e inesquecível, assinada por um grande autor ibérico de projecção internacional.

Moby Dick - Herman Melville - Relógio D` Água


Moby Dick é um romance do autor americano Herman Melville. O nome da obra é o do cachalote enfurecido, de cor branca, que havendo sido ferido várias vezes por baleeiros, conseguiu destrui-los todos. Originalmente foi publicado em três fascículos com o título de Moby-Dick ou A Baleia em Londres em 1851, e ainda no mesmo ano em Nova York em edição integral. O livro foi revolucionário para a época, com descrições intricadas e imaginativas das aventuras do narrador - Ismael, suas reflexões pessoais, e grandes trechos de não-ficção, sobre variados assuntos, como baleias, métodos de caça a elas, arpões, a cor branca (de Moby Dick), detalhes sobre as embarcações e funcionamentos, armazenamento de produtos extraídos das baleias.Os detalhes contados com o realismo e propriedade de um escritor que viveu em barcos baleeiros, são capazes de transportar o leitor ao ambiente descrito e suas sensações.O romance foi inspirado no naufrágio do navio Essex, comandado pelo capitão George Pollard, quando este foi atingido por uma baleia e afundou.

As Velas Ardem Até ao Fim - Sándor Márai - Dom Quixote


Um pequeno castelo de caça na Hungria, onde outrora se celebravam elegantes saraus e cujos salões decorados ao estilo francês se enchiam da música de Chopin, mudou radicalmente de aspecto. O esplendor de então já não existe, tudo anuncia o final de uma época. Dois homens, amigos inseparáveis na juventude, sentam-se a jantar depois de quarenta anos sem se verem. Um, passou muito tempo no Extremo Oriente, o outro, ao contrário, permaneceu na sua propriedade. Mas ambos viveram à espera deste momento, pois entre eles interpõe-se um segredo de uma força singular...

After Dark, Os Passageiros da Noite - Haruki Murakami - Casa das Letras


Por uma noite, Murakami leva-nos com ele através de uma Tóquio sombria, onírica, hipnótica. Um deslumbrante romance perpassado de uma singular atmosfera poética, na fronteira entre a realidade e o universo fantasmático, onde cada pormenor, olhado retrospectivamente, faz sentido.
Num bar, Mari encontra-se mergulhada num livro, enquanto bebe o seu chá e fuma cigarro atrás de cigarro. Às tantas, entra em cena um músico que a reconhece. Ao mesmo tempo, encerrada num quarto, Eri, a irmã de Mari, dorme com os punhos cerrados, sem saber que está a ser observada por alguém.
Em torno das duas irmãs desfilam personagens insólitas: uma prostituta chinesa vítima de agressão, a gerente de um hotel do amor, um técnico informático, uma empregada de limpeza em fuga. Sucedem-se acontecimentos bizarros: um aparelho de televisão que, de um momento para o outro, começa bruscamente a funcionar, um espelho que conserva os reflexos.
Em Tóquio, durante as horas de uma noite, vai desenrolar-se um estranho drama...

A Vida Eterna - Fernando Savater - Dom Quixote


Em pleno século XXI, época tecnológica e presumivelmente materialista, as crenças religiosas voltam a estar no centro do debate ideológico e político. Despertam paixões, comovem multidões, endeusam certos líderes e provocam atentados terroristas. Os partidários da ciência pura e dura escandalizam-se; outros, em contrapartida, consideram que é indispensável uma qualquer espécie de fé sobrenatural para se poder suportar a vida e, acima de tudo, a certeza da morte.
Este livro trata da religião ou, antes, das religiões: em que consiste acreditar, em que acreditamos ou não acreditamos e que vínculo conservam estas crenças com a mais importante e central de todas - o anseio pela imortalidade. Contudo, fala-se também da verdade, da diferença entre credulidade e fé, das vias não dogmáticas do espírito, das implicações políticas próprias das ortodoxias fanáticas, do papel da formação religiosa na educação das democracias laicas, etc.
E também - talvez mais do que tudo - de como é possível viver a fazer frente ao inevitável, sem concessões ao pânico nem excessos de esperança.

O Desertor - Daniel Silva - Bertrand Editora


Seis meses após o dramático final de Regras de Moscovo, Gabriel Allon regressa à lua-de-mel com Chiara e ao restauro de uma peça setecentista do Vaticano. Mas a sua paz é efémera.
De Londres chega a notícia de que Grigori Bulganov, espião e desertor russo que lhe salvou a vida em Moscovo, desapareceu sem deixar rasto. Nos dias que se seguem, Gabriel e a sua equipa travarão um duelo mortal com Ivan Kharkov, um dos homens mais perigosos do mundo. Confrontado com a possibilidade de perder a coisa mais importante da sua vida, Gabriel será posto à prova de maneiras inconcebíveis até então. E nunca mais será o mesmo.
Com um enredo surpreendente e um conjunto de personagens inesquecíveis, O Desertor é o thriller mais explosivo do ano e o melhor livro de Daniel Silva até à data.

Viagem a Portugal - José Saramago - Editorial Caminho

citação:
"«De Nordeste a Noroeste, caminhos que vão dar às ""Meninas de Castro Laboreiro"", à ""História do soldado José Jorge"" ou ao Monte Evereste de Lanhoso. Depois, as ""Terras baixas, vizinhas do mar"". Encontramos nelas ""Um Castelo para Hamlet"", e descobre-se que nem todas as ruínas são romanas. Viaja-se ainda pelas ""brandas beiras de pedra"", com as ""novas tentações do demónio"" e ""o fantasma de José Júnior"". Um convite, entretanto, a parar em todo o lado, entre Mondego e Sado, para observar ""artes da água e do fogo"" ou as chaminés e laranjais. E um passeio pela ""grande e ardente terra de Alentejo"". Aí, ""a noite em que o mundo começou""; aí, ""uma flor da rosa""; aí, onde ""é proíbido destruir os ninhos"". E mais o sol, o pão seco e o pão mole do Algarve, com ""o português tal qual se fala"". ""Pelos caminhos de Portugal / Eu vi tantas coisas lindas vi o mundo sem igual"", canta o cancioneiro popular, e assim faz Saramago, com a diferença essencial que a qualidade da sua escrita está bastantes furos acima. Uma viagem, se não pelo Portugal profundo, pelo menos por uma forma profunda de ver Portugal.» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)"

Beloved - Toni Morrison - Dom Quixote

sinopse:

Publicado em 1987 e vencedor do Prémio Pulitzer de 1988, a obra-prima de Toni Morrison decorre num Ohio pós-Guerra da Secessão, um local que ofereceu a Morrison «uma fuga aos ambientes negros estereotipados... nem ghetto nem plantação de escravos».

Beloved é a história de uma antiga família de escravos: Sixo, que «deixou de falar inglês porque não via nisso qualquer futuro»; Baby Suggs, que faz do coração o seu modo de vida porque «rebentou com as pernas, costas, cabeça, olhos, mãos, rins, ventre e língua»; Halle, o filho mais novo de Baby, que se deixa alugar para comprar a liberdade da mãe; Sethe, a mulher de Halle; e a filha de ambos, Denver. O romance centra-se em Sethe e no legado que o tempo de escravatura lhe deixou - o fantasma da sua primeira filha, Beloved -, pelo qual é, literalmente, assombrada.

Numa engenhosa combinação de alegoria, fantasia, lenda oral, mito e prosa de tonalidade poética, Beloved é um poderoso romance de redenção que cria vida a partir da morte, instinto maternal a partir da crueldade e a história que fora esquecida a partir do silêncio.

A Terceira Condição - Amos Oz - Edições Asa

sinopse:

Fima é um sonhador totalmente incapaz de agir sobre a sua própria vida. Este homem de meia-idade sofre por sentir que decepcionou o seu pai ao acomodar-se a um emprego como recepcionista de uma clínica ginecológica, e a sua ex-mulher, a quem permitiu abandonar o casamento sem opor qualquer resistência. Fima também se decepciona a si próprio diariamente. Fascinado pela carismática Annette, nada faz para se aproximar dela e mantém uma amizade estéril com Nina, para quem cada acto sexual dá azo a uma obsessiva espiral de limpeza pessoal e doméstica. Ele não consegue sequer matar uma barata sem que se sinta sufocar em reflexões sobre o povo judeu. Fima acabará, contudo, por ter o seu momento de redenção durante um passeio pelas ruas de Jerusalém, quando se pacifica por fim com o seu estatuto de judeu errante.

Caim - José Saramago - Editorial Caminho

sinopse:

Quem diabo é este Deus que, para enaltecer Abel, despreza Caim?

Se em O Evangelho Segundo Cristo José Saramago nos deu a sua visão do Novo Testamento, emCaim regressa aos primeiros livros da Bíblia. Num itinerário heterodoxo, percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha pela mão dos principais protagonistas do Antigo Testamento, imprimindo ao texto o humor refinado que caracteriza a sua obra.

Caim revela o que há de moderno e surpreendente na prosa de Saramago: a capacidade de fazer nova uma história que se conhece do princípio ao fim. Um relato irónico e mordaz no qual o leitor assiste a uma guerra secular, e de certa forma, involuntária, entre o criador e a sua criatura.

Poesia Completa 1979-1974 - Luís Miguel Nava - Dom Quixote




Por iniciativa da Fundação Luís Miguel Nava foi publicada pela editora Dom Quixote, em 2002, a Poesia Completa de Luís Miguel Nava, contendo alguns poemas inéditos, além de um prefácio de Fernando Pinto do Amaral e um posfácio de Gastão Cruz, que também se encarregou do organização do volume.